Agosto
Cheguei a casa...
Na sapateira os sapatos exaustos,
De tantas horas por caminhos responsavelmente percorridos.
No cabide o casaco cansado,
Com os bolsos cheios de sonhos amarrotados e sujos de tantos deveres.
No aparador as chaves desmaiadas, frustradas,
Por mais um dia sem abrir as portas para uma nova paisagem.
Sento-me em silêncio à espera que a imobilidade me desperte...
Quero tanto ser capaz de partir com uma mala vazia,
Um relógio sem horas, um calendário sem datas.
E na irreverência de negar o mundo que "deveria ser",
Encontrar uma nova ordem,
Mais pura, mais selvagem, mais livre.
Eu sei que a liberdade só existe nos olhos de quem a vê,
Ah... eu quero tanto ver!
Eu sei que as algemas que me prendem estão soltas,
Ah... eu quero tanto largar!
Eu sei que o sentido da vida não é um tesouro escondido, apenas acessível ao explorador mais corajoso, mas um vasto e exposto oceano,
Ah... no qual eu quero tanto mergulhar!
Rita
Imagem retirada de: https://www.coisasdavida.net.br/2015/06/mensagem-para-reflexao-mala-vazia.html