Pequenas Pausas

"Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido".
Alberto Caeiro

Por norma, em Outubro, depois do retomar das rotinas em Setembro, já estou totalmente embrenhada e empenhada na agenda dos dias, nas listas de "coisas a cumprir", nas responsabilidades, nos objetivos, no fazer, fazer, fazer.
O tempo, os anos, as aprendizagens, foram-me ensinando a importância de parar diariamente. Das pausas planeadas (como por exemplo a meditação) mas também das pequenas pausas que roubo à agenda dos dias e onde intencionalmente me abro aos pequenos momentos e ao seus ensinamentos sobre o poder da simplicidade.
Alberto Caeiro diz:

"Sejamos simples e calmos,
como as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Nós como as árvores são árvores
E como os regatos são regatos,"

Nos instantes em que tenho ao feliz discernimento de parar para sentir o vento, a luz do dia, o céu estrelado, a lua cheia, a árvore que se pinta com as cores de outono. No segundos ou minutos em que paro para sentir a respiração, o bater do meu coração, o saborear de uma refeição, o calor de um abraço, a luz de um sorriso, o aconchego do silêncio, eu relembro a simplicidade da paz, da alegria, da existência.

Mary Oliver diz "O meu trabalho é amar o mundo." E que este é principalmente permanecer quieta e aprender a deslumbrar-se, a sentir alegria e gratidão porque tudo o que é necessário está aqui!

Rita

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